Alterações Climáticas PT 2: Dia da Sobrecarga da Terra e Pegada Carbónica [MARIA JOÃO MARTINS]
29 Setembro, 2023
29 Setembro, 2023
Planeta em Défice
No passado dia 02/08/2023, a população do planeta esgotou os recursos disponíveis e que tinham sido regenerados para o corrente ano. Desta forma, seriam necessários cerca de 1,7 planetas para colmatar as necessidades de recursos da humanidade. A este Dia, que é assinalado desde 1971, chamamos o Dia da Sobrecarga da Terra / Earth Overshoot Day, calculado por País pela organização Global Footprint Network (GFN).
Se compararmos as Regiões onde o Grupo ACA se encontra (STP e Angola sem dados de referência), verificamos que Portugal teve o pior desempenho pois esgotou os seus recursos a 07/05, ou seja esgotou os recursos de 365 dias em 185 dias. A nível mundial, o país que mais “pecou” foi o Catar, tendo gasto os recursos de 1 ano em apenas 50 dias. Já o Benin foi o “mais sustentável” ao nível da gestão dos seus recursos.
Esta entrada em défice por parte das sociedades, em especial das mais ricas e “desenvolvidas” deve-se à questão de a pegada ecológica da humanidade ser bastante maior que a capacidade de regeneração da biosfera e de absorver a quantidade de resíduos produzidos, em particular o dióxido de carbono que se acumula na atmosfera. Segundo a GFN, há 52 anos demorávamos 358 dias a esgotar os recursos naturais e agora fazemo-lo em cerca de 213 dias. A pandemia teve um efeito de poupança de cerca de 15 dias, mas, entretanto, já se perdeu esse efeito e a curva voltou à tendência que existia.
Mas afinal o que podemos fazer para inverter este ciclo?
A iniciativa #MoveTheDate, associada a este movimento, refere que o uso de fontes de energia renováveis, para 75% das necessidades mundiais de eletricidade podem gerar 26 dias de poupança de recursos, assim como a redução de desperdícios alimentares em 50% poderão gerar um plafon de mais 13 dias. Para além disto, existem todas as políticas públicas dos diversos países que permitem a redução da pegada carbónica como a mobilidade sustentável, apoio a reflorestação, uso devido do solo, entre outras.
Em dezembro de 2015, na Conferência das Partes das Nações Unidas – COP21, os líderes mundiais chegaram a acordo sobre os novos objetivos em matéria de luta contra as alterações climáticas - o Acordo de Paris. Este Acordo, atualmente ratificado por 189 das 197 Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), foca-se na “descarbonização das economias mundiais, tendo como objetivo de longo prazo limitar o aumento da temperatura média global a níveis bem abaixo dos 2º C acima dos níveis pré-industriais e prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, reconhecendo que isso reduzirá significativamente os riscos e impactos das alterações climáticas”.
É reconhecido que apenas com o contributo de todos será possível vencer o desafio das alterações climáticas.
Assim, no âmbito do Acordo de Paris, cada País apresentou os seus objetivos e contributos. Ao nível da União Europeia esses contributos foram agregados, pretendendo a Europa ser o 1º continente neutro em Carbono em 2050, com redução de 55% das suas emissões até 2030, comparativamente a 1990. Para isto existem diversos documentos e diretivas estratégicas donde se salienta o European Green Deal / Pacto Ecológico Europeu.
É ainda neste enquadramento que cada País apresenta as suas estratégias de baixo carbono em diversos documentos, destacando-se:
E nós, o que podemos fazer? Será que sabemos onde emitimos mais, no nosso dia a dia?
A ação climática tem de partir de cada um de nós e para podermos atuar de forma consciente e até compensar as emissões, o melhor é sabermos qual a nossa pegada carbónica**.
Existem diversas calculadoras on-line, muito simples, que nos dão a fotografia do nosso impacto sobre o planeta, traduzido em toneladas de carbono, ou seja, no que contribuímos para o aquecimento global. Algumas destas calculadoras dão ainda a possibilidade de efetuar a compensação das suas emissões, através de sugestões, análise das mesmas por setor ou através da compensação em “projetos de compensação de carbono”, de várias tipologias. Permitem ainda comparar os seus resultados com as médias de países e a nível mundial.
Aqui ficam 3 sugestões de calculadoras!
Ficam algumas sugestões de compensação e pode sempre enviar e-mail para: sustentabilidade@grupo-aca.com:
“SOMOS A PRIMEIRA GERAÇÃO A SENTIR O EFEITO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E A ÚLTIMA GERAÇÃO QUE PODE FAZER ALGO A ESSE RESPEITO.” - BARACK OBAMA
(*) Os gases de efeito de estufa (GEE) são gases que absorvem e emitem energia radiante dentro da faixa do infravermelho térmico, causando o efeito de estufa. Os principais gases de efeito de estufa na atmosfera da Terra são o vapor de água (H2O), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e ozono (O3). Sem gases de efeito de estufa, a temperatura média da superfície da Terra seria de cerca de -18°C, em vez da média atual de 15°C.
(**) A pegada carbónica representa o volume total de gases de efeito estufa (GEE) gerado pelas atividades económicas e quotidianas do ser humano. É importante conhecer esse dado — expresso em toneladas de CO2 equivalente — para adotar e implementar as medidas necessárias a fim de reduzi-la ao máximo, uma vez que isso também depende de cada um de nós no nosso dia a dia.
A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta.